Antes de iniciar o meu tema, queria enaltecer e deixar uma palavra de grande admiração e apreço, pelo trabalho, empenho e paciência, que as equipas no seu todo realizam, desde Coordenadores, Técnicos de Diagnóstico e Encaminhamento, Profissionais de RVC e Formadores, que por esse país trabalham, e na nobreza que estes Centros Novas Oportunidades podem assumir para o crescimento deste país como um país mais valorizado e mais consciente das suas capacidades.
Os Adultos ao longo do seu percurso de vida vivem experiências de vária ordem - profissional, familiar, social e cultural e que se constituem como fontes de saber e resultam em aprendizagens, tornando-se necessário o seu reconhecimento e valorização.. Ao promover-se a identificação e o reconhecimento dos saberes e aprendizagens dos adultos, nos vários domínios da sua vida, possibilita a transferência e a adaptação das competências a outros contextos, sejam eles profissionais ou outros.
O balanço de competências constitui-se como um espaço de memórias e de procura de respostas a interrogações, que permite identificar competências e mobilizá-las em situações presentes e futuras. Ao evidenciar todos estes conhecimentos e competências estamos a dar-lhes um sentido, uma utilidade. Assim com o balanço de competências efectuado em contexto de RVCC os adultos tornam-se mais habilitados e consequentemente mais empreendedores no seu desenvolvimento profissional/formativo e fazem valer as suas competências. Como tal, constroem no presente, o futuro, com a memória do passado
No exercício das nossas funções, os profissionais de RVC, procuram adoptar várias posturas: a de motivador, de acompanhamento, de orientação e de educador, e que poderá alterar-se em função da fase do processo ou até mesmo pelo que é solicitado pelos Adultos. E estas diversas atitudes surgem aquando da necessidade de explicitarmos o Processo e o que lhe está subjacente, quando esclarece dúvidas, quando ouve e escuta a narração do percurso de vida do adulto, na construção do seu Portefólio Reflexivo de Aprendizagens, quando o incita a reflectir sobre o seu passado e a perspectivar os projectos de futuro e quando finalmente o ajuda na tomada de consciência da existência de um património que carrega consigo e que até aquele momento não o valorizava.
E quando assumimos esta postura de orientação está realmente a desempenhar o seu papel principal: a de facilitador e de apoio no caminho que o Adulto está a descobrir. E porquê é que a equipa deverá assumir este papel? Porque o que está na base de tudo é o percurso de vida do adulto, os seus interesses, as suas motivações, os seus projectos, algo muito precioso que temos de respeitar, e ao fazê-lo, estamos a valorizar o Adulto.
Nessa valorização há um apoio e ajuda, e como diz Bouëdec : “apoia e ajuda mas não se coloca no lugar do adulto, “não dirige os acontecimentos, ou seja, o actor principal é o adulto
O profissional de RVC quando assume uma postura de acompanhamento manifesta uma atitude de valorização do outro, de escuta positiva e empática, como referem Hennezel e Montigny “entre as qualidades de bases de um bom acompanhante, eu insisto sobre a humildade, a autenticidade, a espontaneidade, a generosidade, a abertura de espírito, o respeito pela diferença, a escuta empática, e a capacidade de suportar os silêncios”
A experiência enquanto Profissional de RVC tem sido extremamente gratificante. Passei a fazer uma leitura mais profunda de cada pessoa que cruza diariamente o meu caminho. Ao olhar, ao ouvir e ao observar os outros de forma mais atenta, apercebo-me agora, mais do que antes, do real significado dos conhecimentos que possuem. Acredito que a simplicidade de um gesto nos dá uma representação fidedigna da pessoa que temos à nossa frente porque ver é mais do que olhar, escutar é diferente de ouvir e observar é conseguir descobrir mais do que aquilo que as palavras possam expressar. Tenho aprendido muito com estas pessoas que me dizem que desconheciam a importância do seu percurso profissional ou pessoal e das competências que estes lhes conferem.
A surpresa da descoberta do que cada pessoa transporta em si, a riqueza de cada trajecto por ela percorrido e o contacto directo com pessoas é estimulante e incentivador para dar continuidade a um trabalho que é desgastante mas muito enriquecedor.
Não gostaria de terminar, sem antes referir, da importância da emergência destas novas profissões integradas nos CNO, da necessidade do nascimento de uma actividade profissional, que para benefício de todos os que participam neste processo, deve ser definida e baseada num suporte legal. Importa clarificar e definir as regras éticas e deontológicas pelas quais se devem orientar
Obrigada a todos.
Lisete Brito (Profissional RVC) e a Equipa
do Centro Novas Oportunidades da Escola Secundária de Loulé
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